quarta-feira, 11 de abril de 2012

Suspeito de homicídios no Agreste de PE imprime relato sobre crimes



Publicação é ilustrada, assinada pelo suspeito e foi registrada em cartório.
Criança de cinco anos que presenciou assassinatos contou tudo à polícia.


Suspeito publicou livro relatando detalhes dos crimes (Foto: Divulgação/Polícia Civil)Suspeito imprimiu 50 páginas relatando os crimes
(Foto: Divulgação/Polícia Civil)
Uma publicação encontrada pela polícia relata, em detalhes, os homicídios que teriam sido cometidos pelas três pessoas presas em Garanhuns, no Agreste de Pernambuco, nesta quarta-feira (11). O trio confessou ter matado e esquartejado duas mulheres, ocultando os corpos no quintal de uma casa. Segundo a polícia, os suspeitos viveriam um triângulo amoroso e dois deles diziam ser os pais da menina de cinco anos que morava com eles e foi peça-chave na elucidação do crime. Os três prestaram depoimento na tarde desta quarta na Delegacia de Garanhuns e serão indiciados por crime hediondo, ocultação de cadáver, uso de documento falso e estelionato – por terem usado cartões de crédito das vítimas. As duas suspeitas foram levadas para a Colônia Penal de Buíque e o homem, para a cadeia pública de Garanhuns.
Com cerca de 50 páginas, o material produzido em computador e impresso cita os nomes reais dos três envolvidos, é ilustrado pelo próprio suspeito, que seria o líder do grupo, e chegou a ser registrado em cartório. “Ele é inteligente, divide a história em capítulos, fez sumário, descrição do autor e até tentou vender nas livrarias locais. É um dossiê”, resume o agente de polícia Daniel Ferreira da Silva. De acordo com o delegado Wesley Fernando, responsável pelo caso, também foi encontrada na casa onde o trio vivia uma agenda onde uma das suspeitas mantinha anotações sobre os homicídios, tratando cada morte como uma missão. Para a polícia, não havia relação de proximidade dos suspeitos com as vítimas. “Eram pessoas necessitadas”, diz o delegado.
A polícia desconfia que o trio pode ter feito outras duas vítimas. “Possivelmente a menina não é filha deles, mas da primeira vítima que eles fizeram, em outra cidade”, afirma o delegado. Segundo ele, a menina era usada como artifício pelo trio para atrair as vítimas, a quem era oferecido emprego como babá.
 “A criança assistiu aos homicídios e esquartejamentos. Ela foi a primeira a relatar os crimes aos policiais”, explica o delegado. Quando a polícia chegou ao local, uma das suspeitas pedia o tempo todo à criança que ficasse perto dela, mas os policiais conseguiram afastar a menina da suposta mãe e mostrar fotos das vítimas, que ela reconheceu imediatamente. “A menina disse: ‘Meu pai mandou ela pro inferno. Arrancou a cabeça dela e enterrou’”, afirma o delegado. Segundo ele, a criança está bastante abalada e foi encaminhada ao Conselho Tutelar, que está em busca de um novo lar para abrigá-la.

A polícia não sabe ainda se houve violência sexual contra as vítimas, uma vez que os corpos estavam despedaçados. “No livro ele relata que os três comeram carne das vítimas, como se fosse um ritual de purificação”, conta o agente Daniel Ferreira da Silva.
Entenda o caso
A polícia encontrou os dois corpos na manhã desta quarta-feira (11), enterrados no quintal de uma casa no bairro de Jardim Petrópolis, em Garanhuns. Segundo investigações preliminares, um dos corpos seria de uma mulher que estava desaparecida desde fevereiro; o outro, de uma mulher de 20 anos, que sumiu no dia 15 de março. Para a polícia, as mortes aconteceram no mesmo dia do desaparecimento.

As famílias das vítimas haviam ido à delegacia prestar queixa e a polícia já estava investigando o caso. Compras registradas na fatura do cartão de crédito de uma vítimas levaram a polícia a lojas da região. Como algumas dispunham de circuito interno de segurança, foi possível identificar os suspeitos. Os policiais também descobriram que as vítimas foram vistas perto da casa dos suspeitos antes de desaparecerem, então solicitaram à Justiça os mandados de busca e apreensão e de prisão preventiva.
Uma das suspeitas, em depoimento, indiciou o local exato onde os corpos estavam enterrados - eles foram enviados ao Instituto de Medicina Legal (IML) do Recife, onde passarão por exames para serem identificados.

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