sábado, 14 de abril de 2012

Santos: há um século prestando bons serviços à arte de jogar bola



Peixe de Pelé, Neymar, Robinho, Pepe, Coutinho, Ganso, Giovanni, dos quase 12 mil gols, completa 100 anos, mas com jeitão de menino

Um clube escolhido pelo destino para ser lar de um rei. Que nasceu predestinado a se tornar, em grande parte de sua história, a casa do “jogo bonito”. E que, agora, é centenário. O Santos Futebol Clube, que diz ter orgulho de carregar "a essência do futebol-arte", completa 100 anos neste dia 14 de abril de 2012. Com jeitão de menino.

Em 1912, três jovens esportistas de Santos, Francisco Raymundo Marques, Mário Ferraz de Campos e Argemiro de Souza Júnior, convocaram uma assembleia na sede do antigo Clube Concórdia para a criação de um time de futebol, que ainda era um esporte de elite na época. Antes de ser batizado com o nome da cidade, houve outras propostas: Concórdia, África, Brasil Atlético, entre outros.
Pelé Santos especial centenário (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)Pelé: nascido na Vila Belmiro, eterno craque é símbolo alvinegro  (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)
Coube a Edmundo Jorge Araújo sugerir Santos Foot-Ball Club. Aclamado por unanimidade. Mas o Santos ainda não era o Peixe. Quando a equipe começou a disputar jogos contra as equipes da capital, os rivais chamavam os alvinegros de “peixeiros” e o time de “Peixe”. Era uma ofensa, que acabou assimilada e virou apelido oficial do clube.

E, como Peixe, o Alvinegro Praiano foi se consolidando como força aos poucos. Sempre com vocação ofensiva e apostando em jovens. Está no DNA do clube: gols e garotos. Em 5.588 jogos até agora, foram marcados 11.793. Nenhum outro clube de futebol do mundo marcou tantos gols. Um orgulho que ninguém mais tem.

O primeiro título de expressão viria em 1935. Antes, o Alvinegro encantava, goleava, mas ainda sucumbia ao poderio dos times da capital. Jogar o Campeonato Paulista era uma epopeia para o Santos. O deslocamento entre a Baixada Santista e a capital era difícil, feito por trem ou de carro, pelo tortuoso Caminho do Mar. A viagem, que hoje demora cerca de uma hora, na época tomava mais de cinco horas.

Por tudo isso, o título de 35 é considerado heroico, com vitória sobre o Corinthians, por 2 a 0, no Parque São Jorge. Após essa conquista, porém, vieram 20 longos anos de jejum. O Santos seguia fazendo muitos gols, revelando bons jogadores, mas não conseguia títulos. Até que veio o bicampeonato de 1955 e 1956. O Santos, ainda com torcida muito pequena, começava a ser grande. Ainda não havia Pelé, mas havia Zito, Pepe, Vasconcelos, entre outros, que prepararam terreno para o reinado do maior jogador que o mundo já viu.
Neymar e Robinho no CT Rei Pelé (Foto: Ricardo Saibun/Divulgação Santos FC)Neymar e Robinho: a eterna renovação santista (Foto: Ricardo Saibun/Divulgação Santos FC)
Em 1956, desembarcou em Santos o menino Edson Arantes do Nascimento. Alguns treinos depois, já era considerado um fenônemo e logo entrou no time principal. Não saiu mais: de 56 a 74, 1.116 partidas, 1.091 gols e 21 títulos importantes (entre outros torneios menores). O garoto virou um mito: o Rei do Futebol.

Depois da saída de Pelé, anos complicados. Com exceção dos títulos estaduais de 1978 e 1984, os santistas sofreram demais. Viraram as “viúvas de Pelé”. Nada doía mais na alma alvinegra do que encarar uma dura realidade: sem o Rei, o Santos voltara a ser “comum”. Não era, no entanto. Nunca foi. Predestinado a ser protagonista, a formar craques, o Alvinegro ressurgiu na segunda metade da década de 90, quando começou a formar uma nova geração de jogadores brilhantes.
Robinho, Diego e companhia lideraram o Santos na conquista do Campeonato Brasileiro de 2002 e iniciaram um novo ciclo vitorioso da história, que já dura dez anos e hoje conta com um grupo de jogadores que só não têm mais títulos que a geração de Pelé. Neymar, protagonista dessa nova safra, é o maior santista depois do Rei, como um dia fora Robinho, provando que o Santos, com sua eterna renovação, nasceu para ser grande.

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